#004 - O sistema policial é nazista
Não é possível que a gente ainda pense que não; ele precisa morrer ontem
“É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
O primeiro negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”“Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” - O Rappa
Aviso: Essa newsletter ficou enorme (peço perdão desde já, mas você vai entender o motivo), então talvez você precise clicar em algum lugar onde seu serviço de e-mail vai avisar pra continuar lendo, ok? Não desiste de mim agora, por favor. Obrigado!
É difícil não falar disso. É, também, difícil falar disso. Mas é preciso. Genivaldo de Jesus Santos era um homem negro, de 38 anos, que foi assassinado por policiais rodoviários federais em Umbaúba, no litoral sul de Sergipe, em uma câmara de gás improvisada em uma viatura, na semana passada.
Você deve ter visto. E não é que o ato abominável emula uma câmara de gás nazista, ele É nazista, dado o sistemático genocídio da população negra desse país pelas autoridades, especialmente as policiais e militares. Genivaldo foi abordado pelos policiais porque andava de moto sem capacete. E morreu numa câmara de gás nazista em uma viatura, à luz do dia, na frente de várias testemunhas.
Eu ainda vou chegar no principal, mas você já parou pra pensar na utilidade de um capacete pra alguém que anda de moto e por que ele é um item obrigatório de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro? É pra evitar que o motociclista ou o passageiro se machuquem gravemente em um acidente, ou que ele morra.
Genivaldo foi morto porque estava sem capacete. Aliás, me desculpe, ele não foi morto por isso. Teoricamente, ele foi abordado por isso. Ele foi morto porque a polícia é nazista, e extermina a população negra desse país. Chega de dourar a pílula. As nossas polícias não são decentes-mas-com-algumas-frutas-podres: as instituições como um todo são podres, e elas são literalmente nazistas.
Elas tratam brancos de uma forma muito menos violenta, e não-brancos, principalmente negros, de outra extremamente violenta e letal. Todos os dias. No país inteiro. E não é apenas a Polícia Militar, é também a Civil, a Rodoviária, a Federal, e também as Guardas Municipais e Metropolitanas, que estão cada vez mais militarizadas.
Não sobra uma pra me desmentir. E mais, vivemos um estado das coisas onde a doença da farda extrapola as polícias. Seguranças particulares, sejam eles de indivíduos ou de comércios e empresas, que muitas vezes são policiais em dia de folga, munidos de suas micro autoridades, agem exatamente da mesma forma, guardando as devidas proporções.
Eu não sei se vocês viram os vídeos que circularam com a abordagem que assassinou o Genivaldo. Eu não recomendo. Mas pra quem não viu, eu vou descrever nesse parágrafo o que acontece. Quando a primeira filmagem começa, ele já está parado ao lado de sua moto enquanto policiais gritam e xingam ele. Genivaldo passa por uma revista violenta. Um policial se aproxima e parece disparar um spray de pimenta em seu rosto. Outro tenta imobilizá-lo depois disso. Ele recebe um mata-leão pra desmaiar, depois é jogado no chão, pisam nele, colocam o joelho em cima dele, no pescoço, no peito, nas costas, enfim. Em outro vídeo, é possível vê-lo sendo colocado no porta-malas de uma viatura, suas pernas ficam pra fora, impedindo que a porta seja fechada. Um policial joga uma bomba de gás lacrimogêneo lá dentro, outros seguram a porta pra que ele não consiga abrir. Muita fumaça sai do carro. É possível ouvi-lo gritando na viatura. Do lado de fora, testemunhas filmam a operação e alguns dizem “vai matar o cara aí dentro”. Depois de um tempo, ele para de se mexer. Ele é finalmente fechado no porta-malas e a polícia vai embora do local vários minutos depois, segundo os relatos (esse último trecho não vi imagens). A polícia justificou que ele passou mal na viatura, e quando chegou ao hospital já não estava mais vivo.
Genivaldo era um homem sem capacete em sua moto. E acabou morto como nazistas matavam judeus, homossexuais, negros, ciganos, pessoas com deficiência e comunistas. Genivaldo tinha problemas mentais e tomava remédios, segundo um sobrinho que testemunhou a morte do tio. Seus remédios estavam em seu bolso. Os policiais foram avisados. Tampouco se importaram.
Os três policiais que participaram da operação e que assassinaram Genivaldo foram afastados da polícia. Provavelmente, por conta da exposição midiática do caso, serão de fato punidos (mas eu não botaria minhas mãos no fogo por isso), o que é raríssimo quando se trata do julgamento por má conduta policial.
As polícias, todas elas, assim como as prisões, têm que acabar.
Todas as vezes que alguém diz que a polícia tem que acabar, muita gente pensa que isso implica em deixar a criminalidade correr solta, sem que haja ninguém que a controle. A ideia não é simplista dessa forma. A polícia não acaba da noite para o dia. É necessário que ela seja substituída por uma série de outras formas de resolver os problemas da sociedade que a polícia não é capaz de resolver.
Em seu texto “Sim, nós queremos dizer literalmente abolir a polícia”, a socióloga estadunidense e ativista pelo fim das prisões e das polícias Mariame Kaba explica melhor:
“Quando pessoas, especialmente pessoas brancas, consideram um mundo sem a polícia, elas preveem uma sociedade tão violenta quanto a nossa atual, meramente sem a aplicação da lei —e então elas sentem medo. Como uma sociedade, nós fomos tão doutrinados com a ideia de que solucionamos problemas pelo policiamento e encarceramento de pessoas que muitas pessoas não conseguem imaginar nada que não as prisões e a polícia como soluções para a violência e os danos. Pessoas como eu, que querem abolir as prisões e a polícia, entretanto, têm uma visão de uma sociedade diferente, baseada na cooperação em vez de individualismo, na ajuda mútua em vez de preservação pessoal. Como seria esse país se tivéssemos bilhões de dólares sobrando para gastar em moradia, alimento e educação para todos?”
Recomendo que você leia o texto todo, ele é curto e bastante didático sobre a possibilidade de abolição das polícias, tornando-as obsoletas. Mariame não é a única intelectual a defender essa abordagem, nem a mais famosa. Angela Davis, filósofa e ativista das mesmas (e de tantas outras) causas (além de minha amiga pessoal rs), escreveu e falou inúmeras vezes sobre o tema, e talvez seja a mais notória defensora do fim das prisões e das polícias. Ela literalmente tem um livro chamado “Estarão as Prisões Obsoletas?” em que ela defende essa tese com uma infinidade de argumentos que desafiam qualquer grande cérebro a refutá-las.
Ao contrário do que muita gente pensa, a criminalidade não é efeito de “falta de caráter” das pessoas. Na esmagadora maioria dos casos, ela é fruto da pobreza, da desigualdade social, da fome, da falta de educação, de emprego, de moradia, de uma vida digna. A polícia é incapaz de resolver esses problemas. Em muitos casos, ela agrava essa situação.
Os números relacionados à violência aumentam junto com o aumento da pobreza e da desigualdade, mas também aumentam com o populismo penal midiático. Programas como “Brasil Urgente” e “Cidade Alerta”, que se espalham pelas TVs e rádios de todo o país, assim como o aumento no número de canais no YouTube que reportam e transmitem operações policiais, colaboram para a sensação de insegurança que a gente tem, e todos eles servem para legitimar ações exageradas, não raro criminosas, das polícias.
O Igor Leone explica um pouquinho do que é esse populismo penal midiático nesse vídeo aqui…
…e o Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, explica um poucão nesse outro.
Você pode ler e ver tudo isso e pensar como muita gente pensa: “mas são só umas frutas podres dentro da polícia. A maior parte dos policiais é honesta e não comete esse tipo de crime”. Veja bem, não se trata de individualizar as questões: há muitos policiais honestos, como há muitos políticos honestos. Mas o sistema como um todo está corrompido, e ele não só permite que as frutas podres ajam como instrumentaliza as ações para que a podridão prevaleça.
No vídeo abaixo, um policial que é um instrutor para aspirantes a policiais descreve uma situação muito parecida com a que matou Genivaldo. E conta orgulhoso e bem-humorado ter feito algo parecido, para o riso da classe. “Foda-se, é bom pra caralho, a pessoa fica mansinha. Aí daqui a pouco eu só escutei assim ‘eu vou morrer, eu vou morrer’, aí eu fiquei com pena. Eu abri assim [e falei] ‘Torturaaa. E fechei de novo’”.

Apenas uma fruta podre, você talvez continue pensando, mas ensinando a outros como é que se faz, o que já é por demais perigoso. Mas ele não é o único. Em outro vídeo, mais um instrutor se orgulha de ser o maior matador e torturador entre os policiais do mesmo curso preparatório para concursos. Ele se orgulha até de matar bebês.
"Quem mais tempo de polícia tem sou eu, quem mais matou, fui eu, quem mais torturou, fui eu". E depois ele faz questão de ressaltar "aprenda o que eu vou te dizer: 'filho de peixinho, peixinho este (sic)'. Então, uma vagabunda criminosa só vai gerar um vagabundinho criminoso. Só isso que vai gerar. Por isso, quando eu entrava chacinando, eu matava todo mundo, mãe, filho, bebê, foda-se. Eu já elimino o mal na fonte. Vou deixar o diabo crescer? Não, princípio da economia processual".

Apenas mais uma fruta podre? Mais um caso isolado? Pois bem, tem esse outro ex-policial e instrutor também, que também é coach motivacional para concurseiros, que se orgulha do prazer que tem em espancar pessoas.
"[Um policial rodoviário federal] É um peão com uma [pistola calibre] 40 na cintura, um distintivo de Polícia Federal… Irmão, pode dar carteirada em todos os puteiros. 'Evandro, você já bateu em muita gente?' Já, inclusive nas putas. Entrava e tomava todo mundo borrachada. 'Evandro, você era violento na Polícia Militar?' Muito violento. 'Evandro, você pegou dinheiro?' Nunca, sempre fui honesto pra caralho, mas porrada sobrou, irmão. Eu dei porrada em todo mundo, homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes". Depois ele conta que em um jogo no Maracanã espancou parte da torcida, "favelados" e "criolada", "foi meu primeiro ato de execução de maldade e crueldade que eu fiz. Que delícia, ali eu descobri que eu gosto de bater nas pessoas. E ponto. É uma coisa que eu gosto de fazer e eu tive que me controlar por anos pra não dar merda".

Ok, você talvez tenha pensado em algum momento desse texto que não é preciso uma posição tão radical como o fim das polícias, é só colocar câmeras nas fardas que a violência policial diminui. Pois bem, de fato, após a implantação de câmeras nos uniformes dos policiais em alguns locais, foi registrada uma diminuição mesmo no número de abusos e de mortes cometidas pela polícia (curioso, né? Parece que os bandidos têm medo de câmera. Lê de novo pra entender de que bandidos estou falando).
O problema é que essa redução é registrada apenas momentaneamente, até que a polícia se adapte e consiga não só burlar o registro das câmeras, seja desligando, encobrindo ou encontrando qualquer outra forma de manipular esses registros, mas também que esses registros passam a servir em favor de policiais e da polícia e contra a sociedade.


No vídeo abaixo, de reportagem da Globo, é possível ver justamente um dos momentos em que policiais já encontraram uma forma de burlar o uso das câmeras em suas fardas. Nesse caso específico, as próprias câmeras deles acabam denunciando o fato de terem forjado uma cena do crime. A naturalidade com que agem e o fato de já terem até um código próprio que todos eles conhecem, comprova que esse tipo de ação já tomou forma, e muito provavelmente já vem sendo utilizada contra os suspeitos.

Eu vou partir para o encerramento, porque isso já ficou longo demais e a ideia é que sirva de estopim para que você se interesse mais por esses temas de abolicionismo penal e fim das polícias. Mas queria reforçar uma última coisa.
Eu não quero saber se são poucos os maus policiais comparativamente falando em relação a todo o contingente das polícias. Como falei, não me interessa individualizar a responsabilidade, embora todos os envolvidos devessem ser pagar pelos seus crimes e não apenas afastados ou transferidos para funções administrativas, isso quando não são promovidos posteriormente a cargos maiores e até condecorados. A questão é que todo o sistema policial é uma desgraça, é genocida e nazista, sim, em intenção e em método, e PRECISA acabar.
Eu não sou um especialista nesses temas. Sou só um curioso indignado com o estado atual das coisas. E acho que se você não está indignado também, deveria começar a se indignar. E usar sua voz, ainda que pequena (a minha é super pequena), pra expressar essa indignação. É expressando a nossa indignação que a gente acaba pautando debates na esfera pública. Inclusive, porque a gente não pode se esquecer de quem não pode usar a própria voz justamente por ser o principal alvo dessa violência policial.
É preciso lembrar também que quando se fala em fim das polícias e das prisões, se fala em visualizar um mundo diferente do nosso, onde não apenas mudanças pontuais sejam feitas. É preciso visualizar um mundo que seja diferente, e trabalhar pra que isso aconteça. As polícias servem para proteger a burguesia e a propriedade privada, ou seja, o capital. É preciso superar o capitalismo, e substituir esse modelo de vida injusto e cruel por algo melhor. “Pronto lá vem o Carlos falar da utopia do comunismo”. Provavelmente eu vou morrer falando mesmo.
A utopia é necessária pra que a gente siga avançando, como diria Eduardo Galeano (segunda vez que ele é citado numa newsletter, hein?), e não é porque esse lugar ainda não foi alcançado que ele não existe e que não deve ser buscado. E para esse entendimento de utopia que talvez você faça, por que, então, não é utópico pensar que é possível uma vida digna dentro do capitalismo? A gente sabe que não é. Ele nem pretende ser. E por isso ele precisa acabar.
Há uma frase que adoro da peça “Andorra”, escrita pelo dramaturgo suíço Max Frisch, que diz:
“Se você tem mais medo da mudança do que da desgraça, você não impede a desgraça”.
De novo, a polícia serve para defender o capital, os capitalistas e a propriedade privada. E por propriedade privada, pode tirar o cavalinho da chuva que não é da sua casa que estou falando. Inclusive, se bandidos invadirem sua casa e roubarem tudo, você chamará a polícia e ela será incapaz de resolver o seu problema.
Ela serve para perseguir, violentar e assassinar a população pobre, majoritariamente negra, nas periferias. Se você é contra o extermínio sistemático de pobres e pretos, você PRECISA ser contra as polícias e as prisões. Chega de dizer que você não entende o suficiente sobre isso. Se não entende sequer o mínimo, que busque entender. É confortável pra gente que não é diretamente afetado por isso desviar os olhos, cruzar os braços, ou dizer “é complexo” e seguir nossa vida. A gente pode seguir a vida. Algumas pessoas não têm a mesma chance. Quantos outros negros e ou pobres já morreram desde a morte de Genivaldo, há menos de uma semana, nas mãos das mesmas autoridades genocidas e nem tiveram suas mortes reportadas? Quantos mais precisarão morrer?
Uma mão cheia de dicas na sua cara
Aqui, mais uma vez, o texto “Sim, nós queremos dizer literalmente abolir a polícia”, da Mariame Kaba, com tradução da Rafaela Venturim (sigam ela nas redes também, porque ela tá sempre falando dessas pautas, e de Taylor Swift rs);
Nessa matéria da Ponte Jornalismo, há mais vídeos desse curso preparatório para futuros policiais (mesmo local onde Eduardo Bolsonaro disse que era fácil “fechar o STF” com um cabo e um soldado, lembra disso?) ensinando sobre métodos de tortura. Inclusive, o mesmo Evandro Guedes do vídeo que citei acima fala sobre uma operação que fez em uma prisão na qual jogou uma bomba de gás lacrimogêneo em uma cela superlotada. Curiosa mas não coincidentemente, um método muito semelhante ao que matou Genivaldo na viatura policial na última semana;
Nesse fio do Twitter, o Douglas Belchior também conta um pouquinho mais de quem é Evandro Guedes;
Nesse vídeo do canal Cifra Oculta, o Samuel Silva Borges discute se é radical demais pautar o fim da polícia. Recomendo dar uma olhada com calma no canal inteiro, porque tem muita coisa interessante lá;
Outro canal que vale muito gastar um tempo assistindo aos vídeos é o Jornal Antijurídico, do Igor Leone. Ele também fala sobre Abolicionismo Penal, sobre O Fim da Polícia, sobre como militarizar a polícia não reduz a criminalidade, e um monte de outras coisas interessantes, como nesse vídeo abaixo em que ele fala do que morrem os policiais;
Aqui, em um dos primeiros vídeos do seu canal, a Sabrina Fernandes fala sobre punitivismo;
Estamos em 2022, e eu espero que você já tenha assistido ao documentário “A 13ª Emenda”, dirigido pela Ava DuVernay. O filme trata bastante da correlação entre o fim da escravidão, a criminalização da população negra dos EUA e o aumento nos índices de encarceramento no país. Obviamente, o filme fala dos EUA, mas é fácil traçar alguns paralelos com a nossa realidade aqui no Brasil. Tá na Netflix, já que vocês só assistem coisas de lá rs, e se você clicar aqui eu já te mando direto pra lá;
Caso também assistam coisas na Amazon Prime Video, tenho outro doc muito bom para recomendar, dessa vez brasileiro, chamado “Auto de Resistência”, dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho. O filme mostra como a esmagadora maioria dos assassinatos cometidos pela polícia são justificados como “auto de resistência”, ou seja, policiais documentam que mataram suas vítimas em legítima defesa. O termo também era conhecido anteriormente por “resistência seguida de morte” e hoje acabou mais uma vez alterado para “morte em decorrência de ação policial”. Em suma, a polícia mata deliberadamente quem quiser (curioso que, mais uma vez, querem sempre pobres e pretos) e inventa qualquer justificativa para não pagar pelo seu crime; (Só clicar aqui pra assistir)
Na última newsletter, falei um pouco sobre o Chile, arranhei algumas questões relacionadas à América Latina e acabei me esquecendo de recomendar o maravilhoso clipe de “This is Not America”, do Residente. Mas como aparentemente essa newsletter segue um fio interminável que vai conectando todos os assuntos, o vídeo continua atual para o tema dessa, também porque retrata bastante da violência policial desse continente;
Esse clipe do Residente é quase uma resposta-complemento ao “This is America”, do Childish Gambino, e a Eva Uviedo fez uma publicação explicando um monte das referências usadas pelo Residente no seu vídeo;
Se você achou que eu peguei pesado chamando a polícia de nazista, talvez você também precise dizer que o Silvio Almeida também pegou em sua coluna na Folha, mas daí eu acho mais difícil ainda refutar. “Para quem tem alguma dúvida sobre o que foi dito até aqui, serei ainda mais explícito: o Brasil, que há muito flertava, agora beija o nazismo na boca. Há setores da sociedade civil e da burocracia estatal que não tem mais qualquer pudor em defender o extermínio de populações inteiras, de deixar as pessoas morrerem de fome, de advogar o encerramento de serviços públicos essenciais, enfim, de matar pobres e minorias”, diz o Silvio, a quem eu não sirvo nem pra acertar o nó da gravata, porque o homem é chique demais.
Acho que é isso: entenda de uma vez por todas que a polícia precisa acabar, ajude a pautar esse tema na discussão pública, odeie com todas as suas forças o capitalismo, leia, veja e ouça as recomendações.
Hoje não tem beijo. Hoje eu só sei sentir ódio. Até a próxima!
Genivaldo de Jesus Santos, presente!
Arte: Mãe preta (a fúria de Iansã), de Sidney Amaral (lá no topo) e aqui embaixo uma cena do filme dominicano (que eu não assisti, mas quero) “Cristo Rey”, dirigido por Leticia Tonos, que inspirou a pintura.
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