#008 - A lanterna mágica se apaga: Godard está morto
Não há mais o cinema. O cinema era Jean-Luc Godard
“Havia o teatro (Griffith), a poesia (Murnau), a pintura (Rossellini), a dança (Eiseinstein), a música (Renoir). Agora há também o cinema. E o Cinema é Nicholas Ray”.
Jean-Luc Godard
13 de setembro de 2022. Jean-Luc Godard está morto.
A gente perdeu hoje a pessoa mais importante que a gente ainda tinha no cinema. O cinema como a gente o conhece só existe por causa de Jean-Luc Godard. Não é porque ele era bom, e ele foi um dos maiores que já existiram, mas porque ele revolucionou essa arte num nível em que ela era uma antes dele existir, e passou a ser outra depois dele.
Não só por causa de seus filmes, mas pelo que nos fez enxergar por meio dos filmes. Não apenas os dele, mas principalmente o de outros realizadores. Godard não fez “só” cinema. Ele fez O cinema. A gente enxerga essa arte hoje pelos olhos que o Godard nos abriu há 70 anos. Éramos cegos, hoje não mais.
Ele não fez sozinho, é claro, mas com um grupo de outras pessoas (todas as outras principais também já mortas). Mas ele foi o mais revolucionário entre elas, o mais radical, o mais persistente, o mais ideológico e o mais implacável.
Fez tanto que se tornou intragável, insuportável, mas também incontornável, invencível, imortal. Eterno.
Hoje, todas as salas de cinema do mundo deveriam ter seus projetores desligados em forma de luto, e quando fossem religados, que o primeiro frame projetado fosse a fotografia icônica daquele jovem de óculos escuros e cigarro cambaleante nos lábios olhando atento uma película.
Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio. Gênio.
Vinte e quatro vezes gênio. Como vinte e quatro quadros representando o segundo final em que esteve vivo, e depois não mais. Obrigado por tanto!
Hoje, morreu Godard. Tanto faz quem morre amanhã.
Tudo mais que eu tinha pra dizer vai ficar pra outra newsletter. Hoje eu só quero chorar. Beijos e até a próxima!
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