#016 - ¿Qué será Buenos Aires?
Me encontro "em situação de Mafalda" apenas aguardando pisar em solo argentino
Uso o primeiro verso de um poema de Borges sobre Buenos Aires para nomear mais uma edição dessa cartinha como modo também de anunciar que espero, já neste fim de semana, estar caminhando pelas ruas da capital portenha tentando descobrir o que será desta cidade, cujo gênio literário local tentou definir de tantas formas.
Não há quem eu conheça, e que já tenha pisado por lá, que não demonstre uma paixão como a poucos locais já visitados. É difícil não criar altas expectativas sobre seus cafés, bares, restaurantes, museus e livrarias. Hei de descobrir. Por sorte, não sozinho. A mulher que eu gosto™ estará ao meu lado e tão empolgada para desbravar cada esquina e cada fernet con coca quanto eu.
É minha primeira viagem internacional, outro fator de empolgação curioso. E também não deixa de ser curioso como ser uma pessoa que nunca teve muita grana para viajar encara essas coisas quando elas começam a acontecer. É o tipo de coisa que há não muito tempo parecia meio distante. Não deixa de ser um sintoma esquisito da falta crônica de recursos financeiros. Dá pra gastar um punhado de horas na terapia com isso.
A viagem está logo aí, a lista de discos de rock argentino, livros, alfajores e itens do Maradona (mentira, eu não fiz uma lista disso… ainda rs) só aumenta, e espero que em 13 dias eu possa descobrir o que será Buenos Aires. Quem sabe Borges e Cortázar me inspirem a falar mais sobre isso quando voltar? Quem sabe eu não apareça na próxima edição com uma foto ao lado do re loco! Charly García (eu botei na cabeça que vou cruzar com ele na rua, vou pedir uma foto e ele aceitará de mau gosto o registro, na melhor das hipóteses).
Muita coisa pode acontecer até lá, inclusive descobrir que Buenos Aires é tudo aquilo que não vi, como diz o próprio Borges:
“Buenos Aires é a outra rua, a que nunca pisei, é o centro secreto das quadras, os pátios últimos, é o que as fachadas ocultam, é meu inimigo, se ele existir, é a pessoa a quem meus versos desagradam (também me desagradam), é a modesta livraria em que talvez tenhamos entrado e que esquecemos, é essa rajada de milonga assoviada que não reconhecemos e que nos toca, é o que se perdeu e o que será, é o ulterior, o alheio, o lateral, o bairro que não é teu nem é meu, o que ignoramos e amamos.”
Enfim, quis escrever algo apenas para tirar a poeira, desengripar as engrenagens e deixar o registro de que embarco para outro país em breve, e pela primeira vez, podendo me apaixonar a ponto de nunca mais querer voltar. Então vai que esse é meu último registro no Brasil? No llores por mi.
Besos y abrazos!
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No aguardo do post sobre a viagem. 👀
Buenos Aires é encantadora e mal posso esperar para (re)descobri-la pela tua perspectiva. Aproveite muito! E não deixe de nos contar o que achou.