Na minha vida tudo acontece
Mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce
Hoje estou feliz porque eu sonhei com você
E amanhã posso chorar por não poder te ver
Mas o seu sorriso vale mais que um diamante
Se você vier comigo, aí nós vamos adiante“Dias de Luta, Dias de Glória” - Charlie Brown Jr.
São Paulo, 98 de dezembro de 2023.
A noite está calma lá fora. No céu sem nuvens, a lua brilha forte iluminando a madrugada de quem também teve a vida iluminada pelos dias ensolarados que esse ano proporcionou. Talvez a metáfora funcione bem por aqui. O relógio já passa das duas da manhã quando começo a escrever essa newsletter. Algumas coisas mudaram muito nos últimos doze meses, outras nem tanto. Esse ano foi cheio de acontecimentos: poucos ruins, muitos, bons. Eu poderia ser ousado e dizer que esse foi o melhor que já tive, mas não farei. No entanto, fica o registro da possibilidade.
É impossível chegar ao fim de mais um ano e não ficar reflexivo sobre a vida. Eu, você e todo mundo que a gente conhece passa por isso. Não raro a gente experimenta uma melancolia que toma conta de dezembro culminando nas festas de fim de ano, que pra muitas pessoas funcionam mais como um grande pesadelo familiar do que qualquer outra coisa. Não é o meu caso, por sorte, mas me compadeço dos amigos que já chegam esgotados na reta final e ainda precisam encarar mais essa turbulência.
Eu poderia listar aqui uma porrada de coisas legais que me aconteceram em 2023, mas como foi dito lá na linha-fina, isso não é uma publicação de melhores. A internet já está cheia disso e eu mesmo não dou conta de ver, sequer fazer mais essas coisas. Mas talvez valha citar que 2023 me trouxe um modo mais leve de enxergar e viver a minha vida, que culminou em uma cabeça menos sobrecarregada, um pouco mais feliz e com a sensação de que vivi mais do que nunca, ainda mais vindo de dois anos de quase total isolamento por causa da pandemia, e de quatro anos daquela desgraça que eu não preciso citar o nome. Eu sabia que tudo ia melhorar depois que a Argentina fosse tricampeã do mundo. rs
Brincadeiras à parte, não é que por aqui melhorou mesmo? Mas comemora sem alarde que a zica dorme leve, Carlos. Vida, pisa devagar, meu coração, cuidado, é frágil. Que as coisas boas desse ano nos deem força e resiliência para encarar o que quer que seja de não tão bom que uma hora sempre vem. Mas também que a gente não endureça a ponto de não saber reconhecer a hora certa de comemorar as pequenas vitórias.
Esse ano me deixou bastante em crise com as redes sociais. Ando abandonando tudo (e já fiz isso outras vezes) e entrei numa batalha (perdida?) pra tentar fazer as pessoas enxergarem que elas deram errado. Elas precisam acabar. A gente adoeceu. De verdade. Não é um exagero. Todo mundo ficou doente por causa das redes sociais em algum nível. Nosso comportamento na internet ficou bizarro e cada vez mais tem gente morrendo por conta do massacre que as redes sociais fazem na nossa saúde mental. Não deu bom, gente. Passou da hora da gente aceitar e de simplesmente pular do barco.
A internet já existia antes das redes e vai continuar existindo depois. A gente vai encontrar uma forma de fazer ela ser legal de novo. Mas a lógica das redes não tem permitido que a gente encontre essa forma de uma maneira coletiva. Em pequenos nichos, acho que já acontece, mas o carro-chefe da internet ainda são as redes sociais. A grosso modo, tá todo mundo lá ainda, endossando as decisões de bilionários inescrupulosos que sequer fingem não ser.
Eu queria muito que em 2024 a gente conseguisse encontrar uma forma de transformar essa lógica. Talvez ainda não exista, a gente ainda precise inventar, mas nada dura para sempre e a gente precisa decretar de uma vez por todas o fim da “era das redes sociais”. Eu não sei se blogs vão voltar, se o futuro é newsletter, se o futuro é qualquer outra coisa, mas a gente é única e exclusivamente produto nesse momento, massa de manobra de gente que não tem os mesmos interesses que os nossos. A gente não pode continuar com isso. Por favor, pare. rs
Fico feliz de você estar aí do outro lado recebendo isso, lendo, e que de alguma forma tenha feito parte desse grande ano que foi o melhor 2023. Mais do que nunca, conto com a sua ajuda para divulgar essa newsletter e fazer chegar a mais pessoas, porque também quero ser lido, mas não vou divulgá-la mais em rede social alguma. Pode ser um tiro no pé, mas a única rede que ainda uso (e espero em breve não mais usar) é o Instagram, onde já parei de compartilhar a newsletter. Conto apenas com a leitura de quem já assinou essa cartinha e com seu possível compartilhamento, seja como for, pelos apps de conversas, pelas redes (se você ainda quer continuar usando isso), por email (eu amo email, mandem emails! rs)… Eu também habilitei a paradinha para receber contribuições em dinheiro por essa newsletter. Não estou pedindo nada, mas se você quiser me pagar uma coquinha zero, eu não vou recusar. Mas TODO o conteúdo seguirá sendo de graça aqui.
Obrigado aos amigos que estiveram presentes e um abraço para os que não conseguiram tanto, mas que de alguma forma sei que seguem se importando e sendo importantes.
Podem me tirar tudo que tenho
Só não podem me tirar as coisas boas que eu já fiz pra quem eu amo
Obrigado, 2023.
Um beijo e até a próxima!
Enfim cheguei aqui. Espero que 2024 lhe seja tão bom quanto 2023, amigo.